Eu queria escrever. Ah, mas escrever sobre o que? Tenho vontade de escrever coisas com significado. Escreve rótulo de xampu, com certeza vai ter significado. Pode levar a sério? Estou falando sobre palavras com poder, poder de fazer alguém pensar sobre algo, talvez até ser melhor no dia seguinte. Faz jornalismo, escritores são jornalistas. Mas eu não quero ser jornalista, quero poder escrever. Tudo bem, então por que não escreve mesmo? Porque não sei o que escrever, já disse. Não é só publicar uma historinha qualquer, se não foi pessoal e única, justamente por ser algo meu, não vai ter valor. Você sabe que se escreve para que alguém leia, né? Quem que quer ler algo complicado? Garanto que escrever para quem não consegue entender as entrelinhas fica melhor, poupa esforço e paciência para ser reconhecida. Quero ser reconhecida por ser boa, não por algum romance torto que virou bestseller. Uai, amiga, escreve algo pra se tornar bestseller, qual o problema? Primeiro que não é qualquer um que consegue uma publicação assim, outra, como faria um bestseller escrito em romance com significado, contos são simples, acabam e começam em poucas linhas, o tempo de ir ao banheiro, caso demore. Não gosto de contos. Qual a razão? Me incomodam, contar uma história tão rápida, e as vezes ainda os deixam incompletos, para “induzir” a pensar no que teria acontecido, eu quero saber logo o que aconteceu, poxa. Alguém a resgatou da cripta? O que era Rosa? Não faz sentido para mim. Agora que comentou, realmente, contos causam uma sensação diferente, vou me dedicar a contos. prestou atenção que eu odeio contos? Sim, muita. Então? Então que meus pães precisam sair do forno, sinta o cheiro, como estão lindos.
