A Falência, por Julia Lopes de Almeida

Há alguns dias escrevi sobre um conto de Júlia Lopes chamado a Caolha, lá introduzi sobre a autora, mas agora irei trazer novamente algumas informações.

Foi criada em um lar liberal, incitada a leitura e às artes, casou com um português e participou por mais de 30 anos do jornal carioca O País. Escreveu inúmeras obras que a consagram uma escritora clássica e uma das mais renomadas do país.

Ela foi idealizadora da Academia Brasileira de Letras, mas não pode receber uma cadeira pois estavam seguindo o modelo francês, que até pouco tempo não permitia a entrada dele mulheres, logo, seu marido recebeu em seu lugar, e esse reconheceu sempre o merecimento da esposa.

Francisco Theodoro é um comerciante português que saiu do nada, montou seu negócio e cresceu com suor e sacrifícios. Se casou com Camila, uma moça pobre que lhe completou o lar, mesmo assim, não evitou de pular a cerca. Ganhou filhos de Camila, Mário, o primogênito, Raquel e Lia, as gêmeas, Ruth, a violinista. Na casa morava também Nina, uma sobrinha que pegaram para criar e Noca, uma empregada muito presente e dedicada.
Camila aprecia em demasia a presença do médico, Gervásio, que tratou Ruth quando caiu de cama. A partir daí, o interesse mútuo cresceu, e uma paixão se acendeu, debaixo do teto de Francisco Theodoro. A mãe de família se rendeu de tal forma, que a opinião de doutor era a única que importava, em diversas áreas como na criação de seus filhos, vestimenta, comportamento.
Mário, seu filho, não aceitou essa relação tão aparente, como protesto, parou de se sentar a mesa quando o homem estava presente. Sem aptidão para o trabalho, se envolveu com rameiras e contraiu algumas dúvidas em nome de seu pai, mas aos poucos começa a tomar forma de homem.
Ruth, uma menina doce e calma, prefere a companhia de um romance ou seu violino à um grupo de pessoas. Vive a sonhar, se comovendo com arte e astronomia. Até nisso o amante de sua mãe interferiu, pois a menina disse que iria querer aprender a arte da pintura, e ele a mandou se restringir ao violino, que lhe bastava.
Voltando a Gervásio, dado momento recebeu permissão de Francisco para organizar um baile na residência da família, tanto na decoração, como música e comida, tudo foi a escolha do médico.


Durante os acontecimentos alheios, Theodoro estava a empreender em um novo negócio, investindo bastante dinheiro nessa empreitada.
O baile acontece, glamouroso, esbanjando riquezas. Nesse mesmo evento Mario é entregue para casamento com uma riquíssima moça, Paquita, que por promessa do pai dela ao comerciante, iria endireitar o garoto para ser um trabalhador honesto e dedicado.
No mesmo dia que o casamento ocorreu, um grande espelho se quebrou na casa, Noca pressentiu morte ou ruína, algo ruim estava para chegar.
O português descobriu que seu investimento havia sido perdido, o café desvalorizou e não existiu meios para reaver a fortuna. Alguns meses se passaram, até que a falência teve de ser declarada. Com muito pesar, pediu ao doutor para contar a Camila, pois confiava na amizade deles, sem nunca suspeitar do adultério. A notícia chega a ela no outro dia, ao mesmo tempo em que ele está a fechar seu armazém. Mila se enfurece o culpa, para logo em seguida se compadecer da dor e do engano que seu marido estava sentindo.
Contaram às crianças, novamente a mãe delas chorou, Ruth a abraçou e pediu para não fazer isso, o pai dela ficaria ainda mais magoado. Francisco Theodoro chegou a noite, recebido com carinho e atenção de toda a família. Naquela noite em seu escritório, Nina teve com ele, pediu permissão para passar a casa que ganhou de aniversário para o nome das meninas mais novas, afim de dar a elas alguma propriedade. Aquele gesto o tocou e foi bem recebido.
O descanso que precisava estava na gaveta, já engatilhada. Ruth tocou uma sonata com seu violino no jardim. Ele escutou e chorou.
Abriu a gaveta e pressionou contra a orelha, viu Camila na porta, fechou os olhos para que a esperança da vida não o tentasse e disparou.
O enterro foi cheio, amigos se compadereceram e ofereceram apoio àquelas de luto.
Em um mês, Nina havia preparado a casa que seu falecidotio lhe dera para abrigar a tia, primas e Noca, a única empregada que não foi despedida. Um lugar simples em que poderiam viver. Nesse meio tempo Camila e Gervásio se distanciaram, a paixão murchou.
Alguns meses bastaram para que o fogo acender novamente, quase saindo aos beijos, foram surpreendidos por Mário, finalmente voltava da viagem na qual esteve fora.
Aconselhou sua mãe a entregar as gêmeas para serem criadas com sua cunhada, encaminhasse Ruth a estudos, devolvesse Nina ao pai e se casasse de uma vez por todas com o doutor, antes que sua reputação fosse arruinada. Mila se sentiu profundamente ofendida, aquelas eram palavras de Paquita, que havia dominado seu menino. O negou como filho e a fúria lhe dominou. Apesar disso, logo fez como ele havia dito, entregou as gêmeas a cunhada do jovem homem e perguntou a Gervásio se ele se casaria com ela, a resposta foi de que ele já era casado, por isso era impossível se casar com ela.
Algum tempo depois, na sala, Ruth planejava as aulas de violino que começou a dar, Noca engomava roupas e Nina fazia outra coisa qualquer, pediu trabalho às mulheres. A resposta foi simples, ensinar as gêmeas a ler e a escrever, ninguém passaria fome naquela casa, assim se fez.

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