Ali é o Cruzeiro do Sul, se pra lá é o Sul, o que encontraria se caminhasse sem freio? O céu é aberto, com estrelas pingadas o decorando. Essas “nuvens” são poluição, tenho certeza. Hmmm, teria Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e o que mais?
Essa posição é confortável, apoia o peito para suportar o peso que sinto. As gatinhas estão cada uma de um lado perto do meu corpo, se elas brigarem, vou estar no meio do fogo cruzado.
O que tem mais ao Sul, mesmo? Me lembro do Uruguai, será que pega um pico da Argentina? Devia estudar melhor os países da América Latina. Elas estão rosnando mais, agora entre as pausas, a Jes passa seu corpo felpudo e macio por minhas canelas tencionadas. Não posso me esquecer da Antártica, que é um continente inteiro. Tudo está escuro, mas também está claro. Será porque a lâmpada da sala está ligada? Ou é uma iluminação interior?
Estou sentindo um sufoco na garganta, será alergia? Eu não tenho alergias. Por que estou assim? Também não me entendo. Por que eu mando sinais quando não consigo expor em palavras? Creio que no momento, me sinto mal por não ser entendida. Existe alguém que possa olhar nos seus olhos e dizer o que sente? Ou que leia algumas mensagens de texto e compreendam algo? Tão improvável, por de trás de uma tela há coisas inimagináveis. Então se aquilo é Sul, aquele outro é Norte. Hmmm, o que tem ao Norte? Tocantins de imediato, logo vem Pará e o que mais? Que memória vergonhosa. Fora do país há a Nova Guiné, com certeza, oh, Sul do continente americano, por que tão complicado para mentes simples?
Vou espirrar algumas gotas de água só para garantir que hoje não vai haver briga. A Jes está rolando no chão, seria uma maneira de se coçar? Mas eu a estou coçando. Ela ainda é carinhosa. A Jabuticaba continua encarando e rosnando. Em meio a penumbra exergo as formas das pequenas plantinhas, plantas sofridas. Com garantia afirmo que mais ao norte há os Estados Unidos e o Canadá, mas será que bem seguindo reto daqui chega no México? Vai que ele está mais para o lado do Mato Grosso.
Aí que saudades. Saudades dela, saudades dele, saudades da vida. Que aperto na garganta, por que me sinto assim? Vem tempo, vai tempo, por que só de pensar agora os segundos atrás já são passado, por que não consigo me agarrar no agora?

Vivo de lembranças, de esperar experiências e tentar o novo. Dizem que se não aproveitarmos o agora, apenas iremos remoer o passado e almejar o futuro, sem que nunca o alcancemos. Não acho que seja balela. A questão maior agora é, qual o lado Leste e Oeste? Deveria me lembrar pois um o Sol nasce e outro o Sol se põe, mas nem isso consegui decorar. Há coisas importantes na vida para se ter tempo para essas. Pensei em levar a Jes para o quarto já que a Jabuticaba não dorme comigo, mas por enquanto seria uma ofensa a gata original.
E aqueles peixes que fazem limpeza de pele? Será que encontro em casas de ração? Existe loja só de peixe de aquário? Imagina, pés lisinhos, mãos, seria capaz até de colocar o rosto. Que mal tem?
Eu deveria escrever o que estou pensando, dá uma boa escrita. O que fazemos é mais original a partir do quando colocamos a nós nele. Penso de onde será essa fala. Livro ou entrevista. Vejo melhor, é de um diretor de filme. Filme renomado, foi o que fez A forma da água ou aquele Parasita? Ah, ambos são bons filmes, um por cutucar e cativar, o outro por mostrar um dos piores lados do ser humano.
Se aquilo é leste, é para lá que fica o continente africano? Ou é o caminho para a Oceania? Que complicado. Eu devia pesquisar sobre, é melhor me informar. O celular está debaixo da cama, aqui ainda está confortável. Que sono, qual será o problema comigo? Minhas emoções ficam cada vez mais complicadas, me sinto na primeira fase de descobrimento emocional no filme Divertidamente. Queria ser entendida, queria entender. Oh, meu querido, não fique na defensiva comigo. Sou para te acrescentar, e você igualmente, na defensiva fico apenas quando sou ofendida ou alguém que não gosto me dirige a palavra.
Tomo banho de Lua, fico branca feito a neve, se o luar é meu amigo, censurar ninguém se atreve. Me lembro de quando levava a sério o banho de Lua, como um bronzeamento feito a noite. Hoje não tem Lua, não dentro do espaço que tenho para observar o céu. Muita poluição, isso é indiscutível. Tenho que ir dormir. Ligo o wi-fi ou espero para amanhã? Eles estão bravos comigo? Queria ter todo o controle que as vezes tenho.