Tanto sofrimento em vão. Tanta fome, tanta maldade, tanta incompreensão. Queria chorar todas as dores do mundo, as pegar e senti-las de uma vez, ou até mesmo uma por uma. Queria chorar cada morte, agradecer cada nascimento, queria lembrar daqueles que já foram, queria punir aqueles que fazem mal.
Há tanta angústia, queria a sentir toda. A natureza da dor vem da permissão que dou a ela. Quero chorar, mas por qual dor? Qual delas posso permitir primeiro? Em algum momento senti a real dor? A dor da falta, da perca, de infindável impotência, afogada em sua cultura, em sua família, em seu comportamento. O que é a dor que né permito sentir? É aquela que uso para justificar o tempo de procrastinação, a mesma que justificará o possível fracasso.
Dor psicológica que atinge o corpo, por que me aflige? Se de todos os que a sentem, sei bem como permitir sua entrada e saída.
Agradeço às pequenas dores, vocês me fizeram quem sou hoje, mas não poderia ser melhor sem vocês? Só preciso dormir, preciso ter paz.
E você, medo? Quero o sentir por completo, pincelando em minha pele o pavor que assola o mundo. Me use de tela para pintar todo terror que já existiu e irá existir, mas será que você é capaz? Ou eu seria capaz de suportar? Ah, minha dor, por que continua a tentar ter um espaço entre as reais dores? Já não cansou de deixar para trás oportunidades infindáveis? Quer invadir e invalidar, apenas aceite que não é o suficiente para me fazer parar de escrever e chorar, pois apenas vou chorar pelas dores e cores do mundo. Isso porque, nenhuma dor é pouca, e agora como posso impedir que ela entre?
É como se eu estivesse lendo uma outra versão de mim mesmo escrevendo o que muitas vezes trás a mim uma angústia semelhante, porém, em outras palavras. Mais belo e profundo… Perfeito!
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Em palavras simplórias, frente a um poeta. Muito obrigada!
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